25 de jan. de 2013

EXPEDIÇÃO RUMO A UBERLÂNDIA II

Aí galera venho hoje escrever o final da saga de bike sozinho. A partir de agora vou ter a companhia de minha namorada Romina, mas ainda tenho algumas estórias sozinho para contar e ai vai.

Após acordar em Navirai, conversar com mais alguns bombeiros, me convenci que o MS têm cidades muito longe, sem infraestrutura,  rodovias precárias e a quantidade de bi caminhos não dava mais.
Então vamos para os transportes modais. Comprei uma passagem de ônibus até Dourados e de lá outra para Três Lagoas, onde volto a pedalar. Sai às 11 horas de Navirai e às 3 horas cheguei a Dourados, viagem tranquila, com muitas fazendas de gado e pequenas cidades,  às vezes parecem assentamentos urbanos, cidades sem árvores, sem vegetação e com muita vaca para todos os lados.
Ao chegar a Dourados tirei a bike do ônibus, remontei e fui atrás de um banco que ficava pertinho da rodoviária, de bike entrei no estacionamento e subi para sacar dinheiro, tudo bem tranquilo, sai e fui à rodoviária comprar a passagem das 6 horas para Três Lagoas. Comprei e voltei ao shopping para comer e comprar alguns mantimentos, mas desta vez um segurança veio e me impediu de entrar com a bike no estacionamento, dei a volta e tentei entrar no estacionamento de moto, peguei tick e lá veio o segurança falando que eu não podia parar ali, que ali era só para moto, beleza, pedi pra chamar o gerente, ao conversar com o gerente, este sim me permitiu estacionar a bike no estacionamento de moto, onde já havia umas 5 bikes, hahahhha.
Enfim comi, comprei o que precisava e voltei pra rodoviária esperar o ônibus, lá encontrei 2 senhoras que conversei por horas, as 2 estavam admirada com minha saga, e ajudaram com conselhos e 20 reais para suco e uma comidinha. Saí de Dourados com duas novas avós,  pessoas queridas e que me deram uma carga de energia que me deixou pensativo pela madrugada a fora.
No ônibus  novas estórias e novas amizades, e como toda a trip tem que ter furadas, o ônibus quebrou às 2h da madruga no meio do nada, ai todo mundo vira amigo né hahahha. Muitas estórias, dentre elas a coincidência de haver 3 homens conversando sobre o tempo preso por baterem em suas mulheres, o mais cômico era que as 3 mulheres estavam  junto conversando hahahah, e outra foi a de uma menina que vai uma vez ao mês a Três Lagoas e toda vez o ônibus quebra hahahah, esta figura é um tremendo pé-frio isso sim  hahahh. Cheguei à rodoviária às 4 horas da manhã, remontei a bike, alonguei e peguei a estrada às 5 horas,  e no meio do caminho me dei conta de ter sido roubado, lá se foi meu celular.


Da rodoviária peguei a estrada rumo à Ilha Solteira já no estado de São Paulo onde ficaria hospedado na casa de um amigo de um amigo hahah. Lá fui eu a estrada, lotada de ônibus de trabalhadores que vão diariamente para uma fabrica no meio do nada de celulose, no caminho vi algumas araras lindas e alguns tucanos, mas o mais bonito dos animais foi o lagarto de duas cores, infelizmente não consegui tirar nenhuma foto do bichano.
A estrada era boa com acostamento, com retas longas e sem sombras, as placas de sinalização não davam nenhuma informação certa, as distancias estavam erradas e por mais de 50 km não vi um ser humano a não serem os que passavam de carro, em compensação, vacas, plantações de eucalipto e pinus para todos os lados.  A 70 km achei uma vila aonde parei para abastecer as garrafinhas e descobrir onde estava.
Só faltavam 20 km para Ilha Solteira. Lá fui eu sol de 11 horas e por volta de 12 horas cheguei à barragem de Ilha Solteira, atravessando e admirando aquele mundo de água, fui parado por um guarda, o qual começou a rir e falando que eu não podia passar de bike por ali. Após discutir e explicar para o ser que bike é um veiculo e como tal eu podia passar, me deixou meia hora no sol esperando sabe lá o que, até o convencer que conseguiria passar sem atrapalhar ninguém, e lá fui eu de novo.
Dali foi mais meia hora no sol até chegar à cidade,  ir atrás de uma loja para comprar um chip novo e uma lanhouse, para descobrir onde seria minha próxima  hospedagem. Após conseguir isso fui para o local, ao chegar não é que era uma república uhulll, tinha piscina, cachorro e tudo mais. Galera gente boa, tanto que fiquei uns 5 dias por lá, foi churrasco, foi peixe, foram milhares de conversas, super legal. Conheci mais gente e outras republicas, até uma que tem a temática da permacultura, com direito a hortinha, composteira e um banheiro, virou galinheiro, ahahha.
Agradeço muito ao povo de Ilha Solteira, fui muito bem recebido e conheci um novo tipo de estudante, aqueles que não querem mais voltar para as cidades.
De Ilha Solteira rumei para uma cidade chamada Santa Fé do Sul, a qual eu sabia que tinham camping e uma área de lazer pública, pedalei ... pedalei e após quilômetros de estrada, sem acostamento, cheguei a uma cidade, bem bonitinha, arrumadinha e com ciclovia para todos os lados, o tal camping ficava a 8 km da cidade. Ao chegar lá estava tudo fechado, o camping só abria de terça a domingo,  e eu cheguei à segunda feira hahhaha, mas tinha uma placa que dizia que o camping abria às 17 horas, achei uma sombra a beira do lago e montei a rede e fiquei lá esperando, deu meia hora aparece um carro com 2 loucos, um deles em cadeira de roda, estranhei a cadeira de roda naquele lugar, cheguei mais perto e trocamos uma ideia, os dois eram skeitistas. O  cadeirante tinha sofrido um acidente há alguns anos e estava em recuperação, este estava super animado com a oportunidade de jogar basquete em cadeira de roda, o sangue de esportista ainda corria na veia daquele jovem louco, fiquei feliz de encontrar este figura e compartilhar um pouco de suas historias. O cadeirante se chamava Choco e ou outro Coruja, o Choco me ajudou com um problema na minha caixinha de som, a qual a bateria não funcionava direito, este figura além de ser um símbolo de superação ainda entendia de celular e eletrônico como poucos e o Coruja ganhei um artesanato para levar na viagem. Às 17 horas eles foram embora,  fui ver se abria o tal camping  e não abriu, mas achei o caseiro o qual me deu a dica de entrar por um buraco na cerca e acampar na prainha. Fiz isso mesmo, montei a barraca, tomei um banho numa ducha, preparei aquele miojão e fui dormi. No outro dia o caseiro acordou cedo e falou para mim assim:  “olha pode sair pelo portão que eu já abri”  hahahha, valeu.
E lá fui eu para estrada de novo, desta vez ia pegar uma estrada mais movimentada, que estava duplicada, já no começo do caminho reparei que havia umas placas com os valores da estrada duplicada e comecei a tirar fotos das tais. Reparei que havia trechos de 10 km que tinha valor de construção de 101 milhões,  trechos de 45 km por 46 milhões e fui somando os km e a verba, sei que em um dia eu pedalei 80 km e pelas placas eu devo ter feito uns 120 km e foram gastos meio bilhão para isto. Engraçado a estrada é boa sim, mas para quem?  Para bike jamais será, é um sobe e desce o tempo todo, para carros e caminhões também não pode ser.  Muito pneu estourado e um desgaste de combustível muito grande. Não tenho dúvida que alguém ganhou muito dinheiro por esta obra, e digo com garantia que em menos de um ano esta estrada dará problemas, os sistemas de drenagem  totalmente mal dimensionados, viadutos sem lógica, rebaixo entre as pistas e sem falar na falta de sinalização, pelo valor gasto dava pra fazer uma estrada inteiramente aérea, ou quem sabe uma subterrânea.
Depois de pedalar o dia todo cheguei a Fernandópolis,  fiquei hospedado na casa de outro amigo de amigos, o Flavio, que junto a sua mulher e filha me deram uma aula de família evoluída, a menina deles já com 17 anos é um carisma e de uma inteligência que se vê pouco, estudou anos em escola Waldof, e hoje em escolas normais, ela diz isso aqui não é uma escola e sim um destruidor em massa de sonhos.
Flavio e família tem um Instituto Movimento Vitais, onde trabalham com terapias e trabalho em grupos, fica a dica. Flavio me levou para conhecer a cidade e um clube com águas termais,  que esta falida, só não sabia me dizer se era por Fernandópolis ter uma media anual de 30 graus durante o ano ou falta de administração. Esta água sai do solo a uma temperatura altíssima e é resfriada para ir para as casas da cidade, onde todas as casas desconhecem água fria,  no mínimo morna hahhaha.
De Fernandópolis eu fui ao meio da tarde para Votuporanga, onde iria participar de um bate papo na semana acadêmica de arquitetura. Flavio e família foram de carro levando minhas bagagens e eu fui de bike, leve como uma pena fez uma media de 20 km/h e em pouco mais de uma hora estava lá, o bate papo foi demais, e a semana acadêmica foi a melhor que já vi, uma faculdade muito bem estruturada, agradeço muito a todos pelo espaço.
No dia seguinte peguei uma carona e fui para Cosmorama, a cidade da famosa Muriel e seu rancho, no meio da cidade lá fiquei em um mini oasis, um terreno de uma quadra 100 x 100 m onde há 42 anos os avós da Muriel começaram a plantar árvores em um terreno deserto. Hoje o local conta com mais de 60 espécies de árvores frutíferas e madeiras nobres, um paraíso cheio de bichos e muita vida. Infelizmente com a morte do patriarca as coisas andam meio abandonadas, mas dá para se ver claramente o trabalho deste Permacultor por natureza, a matriarca conta com saudades as historias do lugar, e fala dos bichos que a seguem todos os dias, 14 cachorros, algumas galinhas, passarinhos de todos os tipos, lagartos, gambás etc. A harmonia é tanta que os bichos têm nomes, moradias e épocas, um exemplo é a sábia que esta chocando pela quarta geração e seus filhos moram pela redondeza, a sábia fez o ninho a mais de ano em cima da porta de entrada, a qual sempre esta com a luz apagada para não atrapalhar o sono da sábia hahha, outro lugar, deixo um pedaço para juntar um dia.
Agora galera estou esperando a chegada da Romina para começar o pedal juntos, dia 9 ela chega e o ritmo de viagem muda. Fiquem ligados que em breve tem mais noticias, agora em dupla hahaha, abraço a todos e agradecido pelo super apoio. Bom pedal a todos.





















































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